A violência que se dá pelo tráfico de drogas é exclusivamente por falta de lei ou excesso de lei? Deixe-me explicar melhor: Quando uma empresa compra um produto de outra empresa e esta não arca com as despesas financeiras deste suposto produto, a empresa que vendeu pode se dirigir aos órgãos judiciários, fazendo com que a empresa inadimplente pague o valor do produto, multas, juros, indenizações e etc. E se por acaso há um comércio desleal contra seus serviços ou produtos, a mesma também pode acionar a justiça, sindicatos e etc.
No tráfico, obviamente, não há como recorrer à justiça para com seus consumidores inadimplentes, os traficantes rivais que estão “pegando sua área” (Fazendo comércios mais em conta do que os seus ou literalmente tomando seu comércio), o que resulta em agressões físicas, assassinatos, chacinas, gangues e etc. Isto é a violência do tráfico, o fato de não ter leis, o fato de não poder cobrar por meios legais. As duas palavrinhas chaves para resolução desta questão são: LIBERAÇÃO e PUNIÇÃO. Duas coisas bem controvérsias neste país...
Caso o uso dessas drogas e seu comércio sejam liberados, obviamente os fornecedores não necessitariam estar com uma AK-47 ou uma pistola na mão, atirar no primeiro policial que vê para poder negociar e vender seus produtos. Seria um comércio legal como todos os outros, com vendas, cobranças e negociações por meios legais. Liberação dessas drogas, juntamente com tarifas pesadas de impostos sobre as mesmas e a efetiva punição são a solução.
Isso já acontece com cigarro, ora. Se paga os maiores impostos sobre produtos supérfluos, ou seja, cigarro, álcool, fumo, munições e etc. A mesma coisa aconteceria na liberação dessas drogas e, por exemplo, poderia até se vedar o uso hospitalar público para alguns desses usuários, como por exemplo, os que utilizam drogas químicas potentes.
Obviamente uma questão tão importante como esta não é resolvida da noite para o dia. Precisaria de um planejamento, implantar aos poucos e assim ir liberando este tipo de comércio, com leis, decretos, toda sua organização financeira, como e quando os usuários deveriam fazer o uso dessas substâncias, juntamente com a transparência e a educação para com a população.
O governo deveria ter o papel de governar e só. O problema é a nossa ganância em querer que as pessoas façam exatamente o que NÓS queremos que elas façam. Repito o que já disse em outro texto: “Nos preocupamos de tal forma com o que o outro faz, que chegamos a querer obrigá-lo a utilizar sua própria genitália de acordo com o que nós queremos”. Você, fumante de cigarro, quer proibir o fumo da maconha, sendo que a mesma é infinitamente menos prejudicial à saúde do que seu cigarro, que pode conter até produtos utilizados para veneno de rato. Agora imagine quanto se gasta de medicamentos e serviços hospitalares públicos para estas pessoas que fumam cigarros ou usam álcool, por exemplo?
Ou seja, pegar pelo braço, como se fossem crianças, para que estas não fumem cigarro, maconha ou seja lá que drogar for, não é a solução. Enquanto tratarmos as pessoas como se elas fossem crianças que não sabem distinguir o certo do errado, apenas proibindo sem dar punições ou recompensas pelos seus bons atos, este mundo vai ficar como está...
Você não precisa entender o que é responsabilidade. Você não precisa saber nem como vai conseguir seu alimento de hoje. E você não é obrigado a esperar responsabilidade de um indivíduo qualquer, dá-lhe alimento ou esperar por sua honestidade. Como diz a citação de Warren Buffett: “Honestidade é um presente muito caro. Não espere isso de pessoas baratas”.
Todos só precisam saber que há centenas de milhares de pessoas lutando para manter uma família ou a si mesmas, que têm direitos e que você NÃO pode feri-los, e caso isto aconteça, será PUNIDO, coisa que não acontece de forma correta neste país. Um bandinho toma o celular da sua filha hoje, a polícia prende, amanhã o juiz solta e este ciclo se repete diversas vezes. Um político participa comprovadamente de corrupção envolvendo milhões e responde em regime semi-aberto, enquanto a “dona rose” que roubou uma lata de leite para seu filho tem que enfrentar quatro anos no presídio.
Se continuarmos caminhando dessa forma, não há lei, ordem, justiça que funcione...